Coqueluche: atenção à “tosse comprida”

Alerta sobre o aumento do número de casos no último ano

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Atualizado há 12 anos

A oferta da vacina contra a coqueluche, pela rede pública de saúde do país causou efeitos positivos na população, pois acarretou em grande diminuição dos casos da doença. Passamos dos cerca de 40 mil casos anuais na década de 80 para 540 em 2010.

Entretanto, segundo a dra. Beatriz Barbisan, médica assistente do setor de Pneumologia Pediátrica da UNIFESP e membro da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), nesses últimos anos o número de casos da doença vêm aumentando. Em 2011, foram registrados 2.132 no Brasil.

Normalmente transmitida pelo contato direto com o doente, por meio de gotículas de saliva expelidas pelo espirro, tosse ou pela fala, a coqueluche é uma doença infecto contagiosa, causada pela bactéria Bordetella pertussis, queafeta o trato respiratório.

Os pacientes mais suscetíveis são crianças menores de 6 meses, que ainda não completaram o esquema básico de vacinação, e adultos, nos quais os efeitos da vacina já estão se esgotando.

“Pais e mães devem estar sempre atentos aos sintomas. Nos pequenos, a coqueluche se manifesta com maior gravidade e geralmente é transmitida pelos familiares”, afirma dra. Beatriz.

Sintomas

A coqueluche é composta por três fases que podem durar no total de 6 a 14 semanas. No início, pode ser confundida com uma gripe devido a sintomas como febre, mal-estar e coriza. Este é o chamado “período catarral”, que pode durar de uma a duas semanas.

Já o período paroxístico, o segundo estágio, é caracterizado principalmente pela intensidade das  tosses. Nesta fase da doença, a frequência das crises de tosse aumenta e pode ser seguida por uma inspiração profunda que produz um ruído característico, semelhante a um guincho. Nesta etapa, o paciente muitas vezes adquire a face azulada (cianose) devido à falta de ar e o esforço feito para tossir, podendo até mesmo provocar vômitos.

Os sintomas começam a diminuir até o total desaparecimentoem um período que varia de 4 a 8 semanas:é o chamado período de convalescença.

Diagnóstico

A suspeita clínica de coqueluche normalmente ocorre a partir do aparecimento da tosse característica, na segunda ou terceira semanas. A confirmação se dá através de exames laboratoriais,como a cultura das secreções e o PCR em tempo real.

 

Este último começou a ser realizado pelo Instituto Adolfo Lutz em 2010 e representou um avanço real no manejo da doença no país, uma vez que é um exame mais sensível e mais rápido do que a cultura.

Profilaxia

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que o principal método de prevenção contra a coqueluche seja o esquema de vacinaçãofornecido pelos postos de saúde, que inclui a aplicação da vacina DTP (contra tétano, difteria e coqueluche) em 3 doses aos 2, 4 e 6 meses, com reforço aos 15 meses e novamente entre 4 e 6 anos.

“Após o surgimento da vacina anti-pertussis acelular, recomenda-se um reforço na adolescência (aos 15 anos, junto com a dupla adulto) e, a partir de então, de 10 em 10 anos”, diz a especialista.

É importante ressaltar que a doença, assim como a vacina, não confere imunidade permanente. Daí que, adolescentes e adultos não vacinados adequadamente, vacinados há mais de 5 anos, ou que tiveram a doença há mais de 5 anos, podem ser infectados e transmitir a infecção sem apresentar quadro clínico característico.

“Para descobrir o perfil da doença em cada região, acompanhando a tendência temporal da mesma para a detecção precoce de surtos e epidemias, a vigilância epidemiológica é fundamental”, afirma a especialista.

Tratamento

Após confirmado o diagnóstico, o tratamento consiste no uso de antibióticos ministrados sob orientação médica, visando amenizar os sintomas, encurtar a duração da doença e bloquear o contágio. A hidratação e inalação são outras formas de tratamento que também poderão ser indicadas.

Fonte: Acontece Comunicação e Notícias