O Secretário de Estado da Saúde de Santa Catarina, Acélio Casagrande, esteve no Hospital São Braz, em Porto União, na segunda-feira, 23, para se reunir com a administração e diretoria da entidade, na tentativa de acabar com os boatos em torno dos pagamentos devidos pelo Estado ao Hospital. O secretário chegou irritado pelo tema ter ganhado contornos políticos em Porto União. A reunião deveria ter acontecido com a presença de médicos do hospital e pela imprensa, mas a direção vetou, alegando falta de espaço.
O prefeito de Porto União, Eliseu Mibach, lamentou o fato de a imprensa e os médicos terem sido barrados na porta do Hospital, afirmando que foi um desrespeito com o Secretário de Estado que veio dar transparência à questão dos atrasos no pagamento da chamada Porta de Emergência. “Foi uma decisão da diretoria, não partiu de nós da prefeitura, e gostaríamos que todos estivessem presentes, porque estamos recebendo um Secretário de Estado”, desabafou.
Meia hora antes da chegada do secretário, um funcionário do Hospital avisou que não seria permitida a entrada da imprensa, por determinação da diretoria do Hospital, dizendo que após a reunião seria emitida uma “nota técnica”. Até o fechamento da reportagem, a nota não havia sido encaminhada para a imprensa. A administradora do Hospital, Soraia Queiroz Onofre, explicou que a direção foi comunicada em cima da hora sobre a presença da imprensa na reunião e que não teriam espaço físico disponível para todos. “Assim sendo, só foi possível a presença dos envolvidos diretamente no assunto, inclusive por ser uma reunião de ordem técnica”, esclareceu. Questionada sobre o porquê a reunião não aconteceu no auditório do Hospital, onde teria mais espaço para receber a todos, Soraia contou que ele estava ocupado pelos consultores da implantação no novo sistema do Hospital. “Não foi possível removê-los devido os equipamentos instalados no local”. Sobre a participação dos médicos na reunião, ela disse que ficou estabelecido que participariam os representantes do corpo clínico, sendo o Diretor Clínico, Mariano Bordon Sosa, e a Diretoria Técnica, Amanda Nhoatto. “Estes estavam presentes”, afirmou.
A reportagem do Portal Vvale conseguiu abordar o Secretário na porta do Hospital. Irritado, Acélio Casagrande disse que a divulgação em versões diferentes de duas reuniões na Secretaria da Saúde (uma foi com prefeito e representantes políticos e outra com a equipe do Hospital), ambas dizendo que resolveram a questão dos atrasos no pagamento da verba destinada ao plantão no regime de sobreaviso, chamado de Porta de Entrada (que é o nome utilizado para identificar os recursos destinados para os sobreavisos), foi fruto de incoerência política dentro e fora do Hospital. “Eu recebi, no dia 09 de julho, o prefeito [Eliseu Mibach], o presidente do Legislativo [Christian Martins] e o deputado federal Mauro Mariani, definimos esse desembolso e depois de alguns dias, recebi uma ligação do Padre Pedro [Deputado Estadual Padre Pedro Baldissera], dizendo que o Bispo [Dom Severino] teria solicitado uma audiência, e houve a reunião com a diretora [Soraia] do hospital, com o Padre Pedro e não com o Bispo, para a minha surpresa”, explicou.
Casagrande disse que recebeu o padre e a administradora do hospital por educação e para informar que o assunto já estava resolvido desde a primeira reunião. “Tanto que, quando eles foram, os primeiros R$ 100 mil já estavam na conta do Hospital por conta da deliberação da primeira reunião”, pontuou o secretário.
Pagamentos regularizados
Casagrande disse que o Hospital São Braz está recebendo verbas para custeio e que, de janeiro até agosto, o aporte chega a R$ 5 milhões, que estão rigorosamente em dia. O problema é com a verba de R$ 100 mil por mês, usado pelo hospital para pagar o plantão do regime de sobreaviso aos médicos. O Secretário disse que até dezembro o passivo do Porta de Emergência será zerado com o Hospital. “Já houve o desembolso de R$ 100 mil no dia 16. Haverá outro repasse no final deste mês e a partir de agosto serão R$ 200 mil por mês até quitar as parcelas em atraso”, garantiu o secretário. A diretoria confirmou o depósito do dia 16 e sustentou o acordo de parcelamento dos atrasados até a liquidação da dívida.
Casagrande alerta hospital
Apesar de garantir a regularização dos pagamentos da “Porta de Emergência”, o gestor da pasta de saúde do Estado explicou que contratualização e Porta de Emergência são duas coisas distintas, e alertou que o São Braz não vem cumprindo alguns serviços e que o Hospital precisa ajustar seus serviços para continuar tendo direito à verba da contratualização. No entanto, Casagrande não disse quais eram esses serviços e se o convênio corre o risco de ser suspenso.
O secretário deu o assunto das duas reuniões e suas respectivas repercussões por encerrado. Casagrande disse que já na primeira reunião com o prefeito e demais representantes, o problema estava resolvido e que a situação da rubrica da Porta de Entrada ou Porta de Emergência, está sendo normalizada desde então. O caminho agora é ajustar a contratualização para que o hospital não sofra baixa desta importante verba para o bom andamento da entidade.