Escrevo a você que mudou a minha vida, e eu, nem ao menos sei seu nome, hoje, 27 de setembro Dia nacional de Doação de órgãos, ossos e tecidos, venho através desta carta agradecer e honrar você e sua família, pois no momento mais difícil para eles, sua partida, foi permitido que você continuasse vivo em mim, um pedacinho seu caminha comigo.
Quero te contar que eu não sabia sobre doação de ossos, de outros órgãos sim, mas de ossos só quando precisei mesmo, vou te contar um pouco sobre essa história e como agora você parte dela.
Há 5 anos em 2018, estava participando de um jogo de futsal em minha cidade, em Bituruna interior do Paraná, e sofri uma lesão, nunca mais ficou normal o meu pé, tinha dores sempre inchado mas estava seguindo normalmente, dois anos depois as dores estavam insuportável, e estava ficando limitada muitas coisas que antes eu fazia normalmente já não conseguia mais, uma delas era momentos de brincadeiras e lazer com meus filhos, sim eu sou mãe, de dois meninos os amores da minha vida, praticante de esporte, pessoa ativa, digamos, sem sossego, mas eu estava parando.
Quando vejo meus filhos eu penso em você e sua família em sua mãe, em outubro vai fazer dois anos da cirurgia e penso como eles estão, meu coração me diz que você é mulher, um dia espero saber mais sobre você e sua história, por onde andou, e espero poder contar a sua família por onde eu ando e levo você comigo.
Voltando a história, fui ao médico Doutor Rafael Mortati, após muitos exames descobrimos o que havia acontecido era o osso talus, o osso que liga o pé a perna, cartilagem toda comprometida, ele me pediu alguns dias para estudar o caso, então pensei o negocio é complicado, no retorno tinha duas opções, tentar o transplante o primeiro dele neste local, já havia feito outros mas não o talus, e a maioria dos médicos optam por prótese, mas ele pensa diferente e tem coragem e nos da coragem e segurança e a segunda opção me deixaria limitada e sem o movimento circular, eu não pensei duas vezes vamos tentar a primeira.
Conversamos ele me explicou toda a parte burocrática e documental, e fui para a fila de espera do Instituto INTO Rio de Janeiro, e após dois meses recebi a ligação que receberia a doação, fiquei contente mas também apreensiva, tinhas alguns dias para realizar a cirurgia e também depois da saída do instituto do Rio de Janeiro até União da Vitória algumas horas para o procedimento ser feito, e enfim após quatro horas o transplante foi realizado.
A recuperação foi de quase cinco meses na cama, cadeira de rodas, andador ,muleta, bota imobilizadora essa já era pertencente ao meu corpo oito meses com ela, muita gente me ajudou, me cuidou, me deu forças e após um e cinco meses a tão esperada alta.
Hoje consigo correr, jogar bola com meus filhos quase não tenho dor, só quando extrapolo mesmo, este ano participei de uma caminhada na natureza de 10 km foi emocionante, quando olho minha cicatriz penso em você e rezo por você e sua família, todos deveriam saber o quanto uma doação seja de sangue, órgãos, ossos é a continuação da vida, não sei se você contou para sua família que queria ser doadora, ou eles tomaram essa decisão, mas tenho que você é um ser luz, de vida, espero um dia encontrar eles caminhar com eles, e saber de você, mas se isso não for possível lhe escrevo com a maior emoção da minha vida e te agradeço para sempre, me comprometo sempre me mobilizar para que mais pessoas saibam e queiram doar, esse ato muda histórias. Gratidão eternamente, escrevo esta carta a você meu doador para dizer MUITO OBRIGADO!
Carla Daniela Seccon Vacchi