Doze pessoas dormindo e acordando em um espaço inferior a 30 metros quadrados, dividindo o mesmo teto. Comendo sentados em camas improvisadas. O local, chamado de casa, nem sequer tem cadeiras ou mesa.
O banheiro é formado por três pedaços de compensados. A lona que cobre o lugar serve também de porta. As paredes são de compensados usados. Há apenas uma porta. Janelas não existem e segundo seus moradores, nem precisa. Afinal quem nasce na miséria se acostuma com o pouco que tem, acredita que isso basta.
São cinco adultos e sete crianças vivendo nesta situação. A mais velha tem sete anos.
Os pequenos dividem o espaço com materiais recicláveis, inclusive com a venda desses materiais eles sobrevivem. O mais curioso de tudo isso, é que eles nunca pedem nada. E quando são questionados sobre alguma coisa, dizem que está bom. É o tal do conformismo com o pouco. Está é a realidade de um grupo de pessoas de União da Vitória, que encontraram um local, até então, desabitado; um espaço para sobreviver. O local escolhido foi um terreno próximo ao bairro Limeira. A energia elétrica que chega até lá, é fornecida por um vizinho. Ligar um chuveiro elétrico nem pensar “cai a chave”.
Campanha
Para mudar essa realidade, uma campanha divulgada pela Vara do Trabalho de União da Vitória ganha holofote. Um de seus funcionários frequenta o Lar Espírita e em uma das andanças para doações de alimentos conheceu a família da Simone. Ela foi moradora da Vila Esperança – localizada no Rio D’Areia e até debaixo da ponte sua família sobreviveu.
O novo endereço é esse descrito acima. A ideia da campanha é arrecadar materiais para a construção de uma casa digna a esses moradores. Chapas de compensados, madeira, telhas, pregos, tudo é muito bem-vindo, além de recursos financeiros para arcar com os custos da mão de obra.
Uma das casas existentes já foi reformulada e ganhou até cor. O azul da esperança, da harmonia e equilíbrio.
Segundo informações da Administração de União da Vitória atualmente são atendidas 20 famílias vivendo em moradias com extrema pobreza.
O que é uma moradia adequada?
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considera uma moradia adequada um local que apresenta sistema de fornecimento de água, esgoto, coleta de lixo, no máximo duas pessoas por dormitório. Segundo dados do Instituto, apenas 52% da população brasileira vive em condições regulares de residência.
Segundo estimativas recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo não possuem um lugar para viver, enquanto mais de 1 bilhão reside em moradias inadequadas.
No Brasil, segundo dados do IBGE, mais de 11 milhões de pessoas vivem em favelas ou em moradias consideradas precárias.
Existem muitas casas que sequer possuem acesso à rede elétrica, a maior parte construídas em favelas e invasões irregulares, geralmente realizadas por uma parte da população que não tem condições de pagar aluguel ou financiar uma casa própria.
Os problemas de moradia no mundo manifestam-se de maneira mais intensa nos países subdesenvolvidos, aqueles que possuem mais limitações sociais, um maior nível de pobreza e desigualdade acentuada, como é o caso do Brasil. Nestes lugares, o processo de urbanização vem ocorrendo de maneira muito rápida, formando cidades muito grandes, mas sem as infraestruturas necessárias para o recebimento dessa população. Com isso, é comum a manifestação do processo de favelização.
Serviço
Informações sobre a campanha podem ser obtidas pelo telefone: (42) 3903-3859, com Luiz Fernando Futerko.