Seca de 2024 é a mais extensa já registrada no Brasil; Incêndios disparam

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Atualizado há 2 meses

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), divulgou hoje uma Nota Técnica detalhando a criticidade da seca que afeta o Brasil. O documento oferece uma avaliação abrangente do fenômeno, com base em dados históricos e na situação atual, destacando a gravidade da seca que se intensificou entre maio e agosto de 2024.

Resumo da Situação

O Cemaden/MCTI aponta que a seca começou a se manifestar no segundo semestre de 2023, com forte impacto em uma faixa que vai do Acre e Amazonas até São Paulo e o Triângulo Mineiro. Muitos municípios estão enfrentando condições de seca por 12 meses consecutivos, resultando na redução significativa dos níveis dos rios e no aumento do risco de incêndios. A atual seca já é considerada uma das mais longas das últimas décadas.

Causas e Impactos

O documento destaca que a seca é resultado de uma combinação de fatores de diversas escalas espaciais e temporais:

  1. Deficiência na Estação Chuvosa: A estação chuvosa passada foi deficitária, especialmente na região centro-norte do país, devido ao fenômeno El Niño, que costuma reduzir as precipitações. Isso resultou na incapacidade de repor adequadamente a umidade do solo e recarregar os aquíferos, mantendo os níveis dos rios abaixo do normal.
  2. Início Antecipado da Estação Seca: A estação seca começou precocemente em abril, resultando na perda prematura e sistemática da umidade do solo e da vegetação. A atual estação seca também foi mais intensa do que o habitual, com amplas áreas sem precipitação desde maio, criando condições propícias para grandes incêndios.
  3. Mudanças Climáticas e Uso do Solo: As mudanças climáticas estão contribuindo para um aquecimento progressivo da atmosfera e sequências mais longas de dias sem chuva. Além disso, a substituição de áreas de floresta por agricultura e pastagens está degradando fontes importantes de umidade, reduzindo a umidade ambiente e as precipitações.

Regiões Mais Afetadas

As regiões Centro-Oeste, parte do Sudeste e Nordeste são as mais impactadas pelo déficit hídrico, com mais de 100 dias consecutivos sem chuva, especialmente em Goiás e partes dos estados do Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia. Municípios como Verdelândia, Nova Porteirinha, Pai Pedro, Janaúba, Catuti e Capitão Enéas, em Minas Gerais, já acumulam cerca de 150 dias sem precipitação. Em contraste, as regiões mais ao norte e ao sul do país apresentam condições mais favoráveis, com menos de 30 dias consecutivos sem chuva.

Conclusão

A Nota Técnica do Cemaden fornece uma visão detalhada dos efeitos da seca e destaca a necessidade urgente de medidas para mitigar os impactos e adaptar-se a essas condições extremas. Para mais informações e acesso ao documento completo, consulte a Nota Técnica disponível no site oficial do Cemaden.