O projeto envolvendo a Locomotiva 310, a “Paulistinha”, no incremento do turismo de União da Vitória, emperrou na burocracia da América Latina Logística Ltda (ALL), hoje empresa Rumo. Em maio de 2015, o então secretário de Turismo (Indústria e Comércio), Luilson Schwartz, tentava obter a concessão do trecho da ferrovia em que a locomotiva precisava para percorrer entre União da Vitória e o Km 13, em Porto União. Depois de sucessivas reuniões, as negociações não avançaram.
Schwartz disse que quando o projeto estava bem encaminhado, houve uma fusão da ALL com uma empresa paulista e toda a diretoria foi recomposta. O fato é que a locomotiva continua parada. Somente União da Vitória e outros 19 municípios no País têm condições de desenvolver um programa arrojado de turismo ferroviário, mas os esforços sempre foram barrados pela falta do contrato de permissão de uso da malha ferroviária.
O secretário de Desenvolvimento Econômico Turismo e Urbanismo, Carlos Santos, disse que o pedido do município para liberação do uso da Maria Fumaça continua em analise desde o ano passado na empresa que detém os direitos de uso do trecho citado. “O problema é que quanto mais o tempo passa, mais difícil fica”, disse Santos, citando os problemas na caldeira da máquina. Ele alerta que mesmo liberando o trecho, será preciso uma restauração na locomotiva, com profissionais do ramo. Ele disse que o último passo na odisséia da locomotiva foi dado com o início dos estudos de viabilidade econômica para a operação da locomotiva da Estação União até o Km 13. “De lá para cá estamos esperando pacientemente”, disse o secretário.
Mutirão da “garibada”
No dicionário, garibada é o ato de retocar, ajeitar, arrumar, melhorar ou fazer um “upgrade”. Pois é justamente isso que um grupo de abnegados quer fazer para melhorar o visual da velha 310, que está estacionada no arco da Estação Ferroviária. De acordo com as informações o ferroviário aposentado Altamiro Lisboa está combinando com um grupo de amigos dar uma “ajeitada” na locomotiva. Cinco ou seis pessoas, número necessário para a operação, vão passar óleo diesel com estopa para que o ferro fique mais vistoso. “Até o óleo diesel já ganhamos de um empresário”, disse um dos participantes do grupo, Antônio Oscar Nhoatto.
Parece pouco para o que já foi considerada a “cereja do bolo” do turismo em União da Vitória, mas os amigos, na maioria ferroviários aposentados e admiradores de velha locomotiva, justificam que além de deixar mais bonita, o óleo ajuda a preservar a máquina protegendo da corrosão e da ação do tempo.
Locomotiva “gringa”
A locomotiva foi construída nos Estados Unidos em 1913 e batizada com o número 310, é uma das poucas máquinas a vapor existentes no Brasil. Sua caldeira é tocada a lenha. O estoque de água e madeira fica no compartimento traseiro, chamado “tender”. A Maria Fumaça ficou instalada na Praça Visconde de Nácar da década de 1970 até meados de 2005, quando foi restaurada pela Associação dos Amigos do Trem de União da Vitória e Porto União, que se utilizaram dos investimentos dados pelo Ministério do Turismo para pôr a locomotiva novamente nos trilhos.