Por Mariana Honesko
As agências e operadoras de turismo brasileiras comemoram a chegada da temporada e, com ela, o salto na venda dos pacotes. De acordo com pesquisa feita por institutos ligados à área, quase metade dos empreendimentos acredita que a movimentação de viajantes será maior neste ano. O crescimento alcança os 24% e é fruto, entre outros fatores, da facilidade de pagamentos de pacotes e serviços turísticos.
Foi justamente pela oportunidade dada em uma promoção que Cristiane Stefanhak realizou o sonho de viajar em um cruzeiro. O passeio feito no ano passado agradou tanto que no dia 10, ela e o marido embarcam de novo no navio. “Adorei e, quando cheguei, já comprei outro pacote”, sorri. Neste ano, a viagem que sai de Santos e chega à costa de Buenos Aires, será mais longa. “A primeira, em janeiro do ano passado, durou seis dias e esta será de nove”, conta Cristiane. Para ela, mais do que a vontade de mudar o roteiro das férias, os preços e as condições de pagamento foram outros grandes atrativos. Cristiane embarca pela Iguatur, agência que fica em Porto União, e que já comemora bons resultados da temporada. Os índices confirmam a pesquisa que mapeou em novembro o cenário nacional. “Estamos com a temporada dos cruzeiros, mas também temos muita procura para parques aquáticos e litoral”, comenta o agente de viagens Marlon Cristiano de Souza. Conforme ele, o perfil do cliente mudou. Antes, os ambientes eram visitados especialmente por quem tinha mais condições financeiras. “Hoje não é assim. Qualquer destino tem como fazer e parcelar. Está bem mais fácil”, confirma.
O comportamento se repete na Central Park, de União da Vitória. Por lá, o litoral e a região Nordeste lideram a preferência. “Aumentam as possibilidade e o valor não fica tão mais caro”, explica o agente de viagens Willian Tusset. Por isso, famílias da Classe “C” endossam um número cada vez maior de quem busca por conforto, qualidade e preço baixo. Não raro, são estas mesmas pessoas que apostam por destinos mais distantes e aterrissam em solo internacional. “Muitos aproveitam para conhecer Miami, Nova Iorque, Orlando”, confirma o agente. O perfil também confirma a pesquisa: entre os cinco países mais procurados na temporada, Estados Unidos está na frente, com 60,1%, Argentina, com 16,5%, França, com 7,9% e Portugal, com 3,1%.
Endereços brasileiros também aparecem com destaque e a procura por eles tem animado a equipe da agência Sete Ilhas, em União da Vitória. Segundo a administração, o aumento em relação ao ano passado já é de 60%. “Rio de Janeiro, Maceió e Fortaleza são os lugares mais procurados por nossos clientes”, sorri a turismóloga Arceli Maria Fudal. Segundo ela, a alta temporada para viagens começou já em setembro e só deve terminar após o Carnaval. Na Sete Ilhas, famílias, casais e amigos recrutam o serviço da agência com mais frequência. Também, quem alcançou a Classe “C”, investe no serviço. “Tem até quem deixa de comprar algo para casa e vai viajar. Muitos terminam uma viagem e já começam a pagar outra”, sinaliza.
Pobres e ricos vão viajar mais
De acordo com um estudo feito pelo Ministério do Turismo, brasileiros com renda até R$ 2.100 aumentaram sua intenção de viagem. O mesmo aumento atinge ainda quem ganha mais de R$ 9.600. A intenção de viagem foi recorde em dezembro: mais de 37% dos entrevistados nas sete maiores capitais devem viajar nos próximos seis meses no Brasil e no exterior.
A pesquisa mostra também que a maioria dos entrevistados pretende viajar de avião. O ônibus aparece em terceiro lugar. Em segundo, o automóvel desponta na preferência.
A maioria vai se hospedar em hotéis e apenas uma pequena parcela deve ficar na casa de amigos ou familiares. O estudo mostra ainda que quanto maior é o nível de instrução, maior a intenção de viagem. A média é de 52% contra 9% para quem tem primeiro grau incompleto.