Por Mariana Honesko
Há cerca de duas semanas o número de vagas aumentou em quase 40%. Os números são mais nítidos nos balcões dos estabelecimentos que comercializam roupas e sapatos, bem como são nos setores voltados à produção e venda de alimentos.
A análise da Agência do Trabalhador de União da Vitória combina com o que diz a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL). Assim, até o início de dezembro, seguem abertas as oportunidades para as novas contratações. “As contratações são neste período. As empresas podem treinar as pessoas e a partir de dezembro está tudo pronto”, avalia a gerente da agência, Tábata Bolsoni. Por lá, cerca de 90 pessoas são atendidas todos os dias. A maioria procura uma colocação no mercado de trabalho. Este é o caso, por exemplo, de Elaine Regina Silva. Desempregada, ela buscou a agência para uma colocação na mesma função. “Eu trabalhava como auxiliar administrativa”, conta. De olho nas vagas, Elaine nem pensou muito: ela já deu entrada nos documentos que liberam o Seguro Desemprego e agora espera uma nova oportunidade.
De modo geral, as empresas buscam pessoas com o perfil de Elaine. “São jovens, com ou sem experiência, mas que tenham pelo menos o Ensino Médio completo”, pontua Tábata. Nas Cidades Irmãs, a adesão das empresas deve ser de até 20% de mão de obra. “Quem está pegando emprego agora pode ser efetivado. Se a pessoa vai bem, acaba sendo contratada mesmo”, avalia o presidente da CDL, Luciano Karpovisch. Para ele, o desempenho está associado com a capacidade educacional. Por isso, aponta, há a exigência de pelo menos o Ensino Médio. “Quem vai fazer compras já quer um atendimento mais diferenciado. Quem está atendendo, tem que ter certo grau de educação, entender as novas regras das vendas”, avalia.
No ramo madeireiro, dono do maior número das ofertas disponíveis no posto do Sine de Porto União, há vagas mas faltam candidatos. Além da baixa procura, a unidade esbarra nos problemas comuns em União da Vitória: pessoas qualificadas não são tão comuns. “Os empregadores acabam até contratando quem nem tem tão boa qualificação”, comenta o responsável pelo posto, Walter Alves da Silva.
O comportamento registrado na Carteira Profissional também é levado em consideração. É o que as empresas consideram como “carteira suja”, onde os registros de contratação não passam, geralmente, de poucos meses. “Falta esse compromisso com o trabalho”, comenta Silva. Assim, algumas vagas ficam abertas por muito tempo, sem qualquer preenchimento. É o caso, por exemplo, do que ocorre com as funções de borracheiro, geometrista e boa parte das funções para os auxiliares na linha de produção.
Segurando a oportunidade
Quem está na contramão do perfil criticado pelos empregadores tem boas chances de melhorar sua posição dentro da empresa. O comportamento ideal, associado à iniciativa e bom atendimento, podem transformar a vaga temporária em definitiva. “O empregado precisa demonstrar qualificação para o cargo. Tem que ser alguém que não venha apenas temporariamente. Ele precisa vestir e suar a camisa”, orienta a psicóloga Daniele Jasniewski, mestre em psicologia organizacional e do trabalho.
Para ela, a efetivação depende muito mais do que bom comportamento. Na verdade é a demonstração de interesse o que pode ajudar na contratação efetiva. “Não basta apenas que o funcionário tenha a sensação de que é temporário. Tem que participar até da festa de confraternização da empresa. Quando ele não faz isso, acaba se retirando sozinho e demonstrando que não quer ficar”, orienta.