Colóquio, um dedo de prosa: O Petróleo é Nosso …

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Atualizado há 11 anos

Por Marilucia Flenik

O Petróleo é Nosso…

…conforme já dizia Monteiro Lobato, no ano de 1931, em carta dirigida a Getúlio Vargas

No dia 21 p. passado foi realizado o primeiro leilão do pré-sal, sob o regime de partilha. O Campo de Libra será explorado pelo Consórcio liderado pela PETROBRÁS, com 40% de participação, as empresas europeias SHELL e TOTAL com 20 % cada uma, e as empresas estatais chinesas CNPC e CNOOC, com 10 % cada uma. O Consórcio pagará ao Governo Federal 41,65% do petróleo extraído, e R$ 15 bilhões de bônus.

Estima-se que o Campo de Libra contém de 8 a 12 bilhões de barris de petróleo. Para se aquilatar tal quantidade, basta comparar com as reservas totais atuais do Brasil, que somam 15,3 bilhões de barris. Com a exploração do pré-sal o Brasil passará a ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo.

Como sempre, porém, estamos chegando um pouco atrasados. O século XXI deverá desenvolver tipos alternativos de energias limpas, superando o ciclo do petróleo, que se revelou muito poluidor.

Quando nas primeiras décadas do século XX, brotou o petróleo das areias do deserto no Oriente Médio, surgiu o combustível que mudou o padrão econômico mundial e possibilitou a era Ford dos motores à combustão.

Os beduínos do deserto tiveram muitas vantagens com esse avanço tecnológico? Bem poucas. Pelo contrário, as tradicionais populações dos países do Oriente Médio têm vivenciado, graças ao petróleo, inúmeros conflitos e guerras.

Com o fim do imperialismo e o domínio do Reino Unido na Região, nas primeiras décadas do século XX, foi redesenhado o mapa do Oriente Médio, surgindo os países atuais. A Arábia Saudita, por exemplo, foi reconhecida pela Liga das Nações no ano de 1932. Seus dirigentes são os donos do petróleo e negociam com as empresas petrolíferas, garantindo o luxo dos palácios de ouro e cristal. Podem construir o que quiserem no deserto, como autódromos, prédios fantásticos, enfim, tudo o que o dinheiro compra.

Mas ali também nasceu Osama Bin Laden, filho de uma rica família saudita. Não se conformou com a dissolução dos padrões culturais de seu povo e com o pacto existente entre os governantes e as empresas que exploram o petróleo. Ajudou a fundar o Al-Qaeda, o grupo terrorista que tenta destruir a hegemonia do capital e a influência dos Estados Unidos da América. Diante dos sete fôlegos do capitalismo selvagem que parece ter dominado o mundo, a única força que ousa se contrapor ao discurso hegemônico dos detentores do dinheiro são os terroristas.

Aqui no Brasil o Governou armou um aparato militar e tanto para garantir a realização do leilão. 1.800 homens da guarda nacional, navios de guerra na Baia da Guanabara. As poucas pessoas que protestaram, com máscaras no rosto, nada puderam fazer. São os “vândalos”, como o governo e a imprensa chamam essas pessoas que protestam de modo violento. De fato, de nada adianta quebrar agências bancárias e destruir equipamentos públicos. A luta deve ser travada dentro das instituições políticas. O problema da exploração do petróleo do pré-sal está colocado. Por vivenciar a democracia, estará o Brasil mais bem preparado para utilizar os recursos financeiros em benefício de toda a população? O fosso tradicionalmente existente entre ricos e pobres, poderá ser diminuído?

Tudo indica que sim. AFINAL, O PETRÓLEO É NOSSO. Destinar os recursos do pré-sal para as áreas da educação e da saúde foi uma decisão política importantíssima.

Cumpre agora fiscalizarmos. Cuidar para bem escolher os nossos governantes. Saber em quem votar. Aumentar a participação dos cidadãos nas decisões políticas. Utopia? Não. Basta querer e lutar.