Moradores querem solução para enxurradas no São Basílio Magno

Tubulação não suporta volume de água que vem desde Porto União. Imóveis são invadidos com frequência e o prejuízo aumenta em cada nova edição

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

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(Foto: Mariana Honesko).

Moradores do Bairro São Basílio Magno, em União da Vitória, não escondem a insatisfação. Especialmente há dois anos, eles convivem com uma situação rotineira e bastante desagradável. Trata-se da invasão de água pluvial e esgoto em quatro ruas do trecho que começa próximo do Centro Universitário da Cidade de União da Vitória (Uniuv) e chega à casa de número 920. Nas duas quadras afetadas, há oito pontos comerciais, a geração de mais de 50 empregos diretos e outras 80 famílias.

Conforme os moradores, as inundações tornaram-se mais constantes desde que as obras de recuperação da galeria em Porto União foram concluídas. Como o bairro fica próximo da divisa de municípios, a intervenção terminou nos trilhos, um dos marcos de limites. Ocorre que nos dias de chuva, a água que vem na nova tubulação não é suportada pelo sistema em União da Vitória. “Ela vem com vazão em tubos de mais de dois metros para tubos de 80 centímetros. É um balde dentro de um copo”, compara o empresário Valdemir Antônio Tusset.

enxurrada-uniaodavitoria-saobasiliomagno (2)Ontem ele e outros moradores da comunidade estiveram reunidos para definir a construção de um pedido urgente e formal de socorro. Até a próxima semana, a comunidade terá em mãos um abaixo-assinado. O documento será levado à prefeitura e também ao Ministério Público. “Não tem mais condição. A água pegou por cima da minha janela”, conta Valmor, morador há 20 anos do bairro. “Na minha casa foi um palmo, mas entrou e sujou tudo”, lamenta Leônidas Gonçalves, outro “veterano” na comunidade.

As enxurradas não dependem de muita chuva. A comunidade fala em volumes pequenos, variando de três à 40 milímetros. Basta chover para que a preocupação venha à tona. Nos últimos dois anos, o bairro já viveu quatro pequenas enchentes. “O Iguaçu sobe se chover dois dias. Aqui, se chove duas horas, já tem alagamento”, confirma Valmor.

Prejuízos

enxurrada-uniaodavitoria-saobasiliomagno (3)A enchente histórica que colocou as Cidades Irmãs em situação difícil também comprometeu o cotidiano dos moradores do São Basílio. Especialmente no final de semana de forte chuva, a água invadiu residências e obrigou o fechamento de alguns estabelecimentos comerciais. A farmácia administrada pela família de Tusset, por exemplo, amarga prejuízos de R$ 18 mil e dois dias sem atendimento. A dona do restaurante que fica ao lado da farmácia não fala em números mas admite danos. “Ficamos três dias sem poder trabalhar. Alagou tudo”, conta Luci Olinquevicz.

A enxurrada transforma as ruas no entorno da Praça da Ucrânia em rio, inclusive com correnteza. Veículos apreendidos no pátio do quartel da Polícia Militar são atingidos com frequência pela água. Na esquina do quartel, em uma boca-de-lobo, um “chafariz” já foi registrado pela comunidade. Um dos moradores, que tem sua casa financiada, ainda não conseguiu entrar no imóvel. Ele foi invadido pela água. Alguns móveis não foram sequer montados e seguem erguidos, no espaço de festas da casa. Como a área não é de risco, o seguro do banco não cobre as despesas da enxurrada. Os alagamentos já fizeram muros cair e outros apresentar falhas consideráveis.

Gota da água

enxurrada-uniaodavitoria-saobasiliomagno (4)O esgotamento dos moradores é baseado, dizem, na falta de respostas. De acordo com a comunidade o prefeito Pedro Ivo Ilkiv e o vice Jair Brugnago estiveram no bairro no começo do ano e garantiram a construção da maior galeria pluvial da cidade. “É uma galeria de grande porte. Vamos ter que furar a Avenida Marechal Deodoro, atravessá-la até a Uniuv, descer próximo da escola Astolpho Macedo de Souza e ir até o Rio Iguaçu. É uma galeria de aproximadamente 1,5 mil metros”, disse Brugnago, ao portal Vvale, em janeiro deste ano.

Na ocasião, a obra não tinha data para começar mas, sua conclusão era calculada para até quatro meses. “É uma obra complicada e cara, mas necessária. Tendo em vista a colocação dos tubos, a restauração do calçamento e do asfalto e cortes que vamos ter nas redes de água, esgoto e todas as ligações necessárias, calculamos em torno de R$ 1,5 milhão”, avaliou o vice-prefeito.

Ontem, o secretário de Planejamento da prefeitura conversou com a reportagem de O Comércio. Segundo ele, desde janeiro o projeto para a construção da galeria e para a captação de parceiros vem ocorrendo. A campanha caminhou. “O Sesc/Senac se comprometeu em dar mil metros de tubo para nós. É uma troca, já que vamos dar um terreno da rede ferroviária para a instituição e essa galeria vai passar por ele”, revela Jamar Clivatti. Os outros 500 metros de tubulação serão comprados pela prefeitura. O início, contudo, deve dar fôlego para a execução da galeria, que, de fato, promete ser a maior na cidade. Ainda nesta semana, a prefeitura deve entregar o terreno limpo para o Sesc. A partir disso, a liberação do material para o início das obras deve começar.

Onde está o problema

A enxurrada que agora atinge também a Marechal Deodoro, principal via de ligação do centro com os bairros São Basílio Magno e Rocio, deixa marcas mais profundas especialmente nas ruas Jacob Bogus, Balduíno Bohrer, Alexandre Schlemm e Leônidas Vieira.