Na noite de sábado, 28, às 21h40, os detentos da 4ª SDP tentaram pela quinta vez fugir da cadeia. As polícias Civil e Militar conseguiram mais uma vez frustrar a fuga. No entanto o prédio está a caminho da condenação. O número de remendos e chapas de aço colocadas nas celas e o solário, que por sua vez também foi transformado em cela, denunciam as péssimas condições da cadeia.
De acordo com o Delegado Operacional André Vilela, a cadeia é uma bomba relógio, prestes a explodir. “Estamos perdendo a guerra, os buracos são tantos, que daqui a pouco uma fuga em massa será realidade”, explicou Vilela.
A expectativa da polícia está em torno da construção do Centro de Detenção Provisória de União da Vitória, na futura área industrial do município. “Precisamos desativar essa cadeia o mais rápido possível”, disse o Delegado.
O problema é que o presídio nem saiu do papel ainda e o tempo corre contra a Polícia Civil, responsável pela guarda dos detentos. Por outro lado, os detentos dizem que vivem em condições sub-humanas, com banheiros fétidos, sem ventilação e sem o solário, onde todos tinham direito ao banho de sol. Dos 110 detentos, hoje a 4ª SDP ainda abriga 70, muito acima da capacidade das celas que poderiam abrigar somente 18 pessoas.
Tentativas de fuga
Só entre junho e julho foram cinco tentativas de fuga e várias ameaças de rebelião. Os policiais trabalham sob tensão permanente. Nem as câmeras de segurança instaladas dentro dos corredores da cadeia são suficientes para evitar que os presos serrem grades ou cavem túneis de fuga. Os detentos reivindicam a volta do artesanato e a transferência de pelo menos 50 detentos para outras cadeias do Paraná.
O Delegado Vilela disse que ferramentas como pedaços de serras de cortar metal, facas de mesa, colheres e materiais para o artesanato viram ferramentas nas mãos dos detentos.
Medidas paliativas
Os delegados querem a transferência dos detentos antes que seja tarde. “Precisamos que o presídio novo seja construído imediatamente, mas algumas medidas paliativas podem minimizar os riscos, como o remanejamento de presos, operações bate grades mais frequentes e o reforço da estrutura das celas com chapas de aço, além de reforço policial”, disse Vilela. Enquanto as coisas não acontecem a população das imediações convive com o medo e o fantasma de uma fuga em massa sem precedentes.
Fotos: Wannessa Stenzel