Por Mariana Honesko
Trabalhadores de todo o País vão receber um pouco mais na folha de pagamento do próximo mês. Desde o dia 1º, o salário mínimo ficou maior e pulou de R$ 678 para R$ 724. O aumento, que não alcança os R$ 50, não agradou. “Não chega a ser ruim. Já é alguma coisa. O problema é que todas as coisas sobem antes do salário”, comenta a diarista Vera Lúcia Campos dos Santos, que espera receber um pouco a mais no final do mês. Sua colega de profissão, Carmen Waismann, compartilha da mesma ideia. “O aumento não compensa muito. Tudo já está mais caro”, avalia. Carmem não demonstra empolgação. Afinal, os mesmos R$ 35 que recebia por meio dia de trabalho em janeiro de 2013, ainda continuam sendo pagos. “Continuo recebendo os R$ 35”, sorri. As monitoras de trânsito Luciana de Lima e Michele Kuritza são contratadas para todo o mês, mas também não enxergam o aumento com otimismo. “Tudo já subiu. O aumento acaba dando na mesma”, refletem.
O aumento de 6,78%, de fato, não tem agradado. Ruim para quem depende do mínimo, o valor surge igualmente constrangedor para os empregadores. Nas Cidades Irmãs, que tem no comércio um de seus principais meios para injeção de dinheiro, o aumento não deve representar crescimento de gastos, por exemplo. “Isso causa muito pouco impacto na economia. O salário mínimo deveria ser de pelo menos R$ 850 ou R$ 900. O valor é muito fraco”, comenta o presidente do Sindicato Patronal do Comércio de União da Vitória, Horst Waldraff. O empresário defende o pensamento das diaristas e não reconhece o aumento. “As coisas sobem até mais que o salário”, comenta. Pontuando situações, ele lembra do recente anúncio feito pela prefeitura sobre o aumento no valor do IPTU. “Como as pessoas vão pagar tudo isso?”, questiona.
O município, ainda assim, tem suas vantagens. Ele fica no Paraná, estado que tem o maior salário mínimo regional. Domésticas, por exemplo, recebem – ou pelo menos deveriam receber – R$ 914,82. Além disso, o reajuste de 9% feito pelos quase 700 estabelecimentos comerciais da cidade impulsionam um novo comportamento. “O salário do comércio cobre a inflação e ainda acrescenta um pouco a mais, o que representa um ganho de compra para o assalariado”, explica o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Luciano Karpovisch.
Para ele, o salário mínimo deve causar maior impacto para as famílias que não estão cadastradas em alguma categoria especial e, em especial, para os aposentados. No Brasil, cerca de 48 milhões de pessoas devem ser beneficiadas diretamente com o reajuste. “Se não tivesse seria pior, mas não acrescenta muita coisa. Ele repõe o índice, mas apenas mantém. Não causa um impacto tão grande assim”, avalia o presidente.
Os especialistas garantem: planejamento financeiro é mais garantido do que qualquer simpatia comum às viradas de ano. Evitar compras por impulso, planejar o ano financeiro, pesquisar preços, comprar à vista e pedir desconto lideram a lista de sugestões.
Outros reajustes
No Brasil, ainda existem os pisos das categorias profissionais. Por isso, quem está no mercado de trabalho deve ser informar para garantir o que a lei prevê. O empregador tem que pagar o salário mínimo regional nos estados onde ele existe. Se o empregado não recebe o mínimo previsto para os estados, deve tentar negociar. Se não conseguir, precisa recorrer à Justiça do Trabalho.