Por Osni Gilberto Schroh
Os meios de comunicação destacam que a cidade de Porto União receberá uma usina de incineração de resíduos. Ainda, que este processo estaria em experiência por 90 dias, sendo esta usina um ato pioneiro no estado de Santa Catarina.
Diante desta informação, como Técnico em Meio Ambiente, formado por um dos mais importantes educandários do Paraná, nosso querido Colégio Estadual Túlio de França, lembro-me dos debates realizados em sala de aula e também da busca por informações em relação ao processo de incineração de resíduos.
Somos todos sabedores que os resíduos produzidos pelas cidades são compostos de orgânicos, químicos e industrializados, podendo conter metais pesados ou substâncias que em altas temperaturas se recombinam transformando-se em dioxinas e furanos.
Assim, destacamos que a queima de lixo, reduzindo em cinzas um enorme montante de rejeitos, e ainda gerando energia termoelétrica, é uma proposta bastante atraente.
Porém, destacamos que os riscos a saúde neste processo são preocupantes em função de que muitos compostos tóxicos são formados pela incineração, ou seja, na queima dos resíduos sólidos, geram gases altamente nocivos ao meio ambiente e aos seres deste ecossistema.
Nos Estados Unidos, Europa e Japão está em funcionamento cerca de 600 incineradores, totalmente vinculados à produção de energia elétrica.
Em nosso querido Brasil este processo de eliminação de resíduos é atualmente utilizado quase que exclusivamente na eliminação de resíduos hospitalares, de aeroportos, agroindústrias e indústrias, que geram resíduos altamente contaminantes. Porém, também já estão com seus dias contados, pois a nova tendência tecnológica é a autoclavagem, seguida de aterramento em células especificas em aterros sanitários.
Estes incineradores utilizados são de pequeno porte, que realizam a queima de no máximo de 100 quilos de resíduos por hora, com alto controle e com filtros com capacidade de evitar a emissão de gases poluentes na atmosfera, um fato que não nos dá total segurança.
A implantação destes incineradores deve respeitar e cumprir legislação vigente no Brasil, cumprindo todas as exigências ambientais.
Problemas no uso desta tecnologia são as falhas de controle dos resíduos a serem eliminados, processos de manutenção, operação e na emissão de gases, que lançados na atmosfera através da queima de resíduos, que em sua composição tem compostos clorados, que estão presentes em certos tipos de embalagens.
No processo de incineração, à queima destas embalagens, em conjunto, com outros resíduos, acabam criando gases altamente cancerígenos, que causam danos irreversíveis.
Alertamos ainda que criam danos e alterações genéticas, problemas sexuais e infertilidade, entre outros.
Diante de tantos resultados negativos que a incineração pode causar, esta tecnologia vem sendo desativada em várias partes do mundo. No Brasil uma grande maioria destas usinas já foi fechada e as existentes estão totalmente obsoletas.
Salientamos que a cidade de Curitiba (PR) entregou recentemente um plano integrado com medidas para reciclagem, compostagem e biodigestão dos gases produzidos na decomposição dos resíduos destinados corretamente em aterros sanitários, excluindo totalmente o processo de incineração por considerá-lo altamente perigosos e nocivos a vida.
A implantação de incineradores devem ser avaliados e fazerem parte de um conjunto de atividades que englobam compostagem, redução, reutilização, reciclagem e destinação correta de resíduos, com estudo dos impactos ambientais.
É importante ainda ter a participação e a aceitação de toda a comunidade, que deve ser consultada, e não tão somente comunicada.
Precisamos, sim, trabalhar na educação ambiental, motivando a reciclagem correta e o aproveitamento dos resíduos, de forma consciente, reduzindo de forma eficaz os impactos à natureza e a nossa vida.
Salientamos que a Convenção de Estocolmo coloca que precisamos reduzir a emissão de gases, dioxinas e furanos, então se os incineradores não forem bem controlados e gerenciados, essa emissão de gases com certeza irá ocorrer.
Osni Gilberto Schroh é técnico em Meio Ambiente